Em 1950, o Brasil sediou a sua primeira Copa e, infelizmente, a Seleção Brasileira perdeu o título de uma forma dolorosa

A edição de 1950 foi a única na história das Copas que não foi decidida por um sistema de mata-mata simples. Ao contrário do sistema mais comum, o campeão seria definido através de um quadrangular de pontos corridos que contaria com 4 seleções.
Fase inicial
A primeira fase teve quatro grupos e somente os primeiros colocados de cada grupo avançariam ao quadrangular final. Brasil, Inglaterra, Uruguai e e Itália foram os cabeças de chave o sorteio dividiu as seleções assim:
Grupo 1
- Brasil
- Ioguslávia
- Suíça
- México
Grupo 2
- Inglaterra
- Espanha
- Chile
- Estados Unidos
Grupo 3
- Suécia
- Itália
- Paraguai
Grupo 4
- Uruguai
- Bolívia
Como as seleções se enfrentariam em turno único, os grupos 1 e 2 eram, em tese, os mais disputados. O Uruguai e Bolívia, por outro lado, tinham o caminho mais curto para chegar à fase final.
O Brasil, apesar de ter caído em um grupo com quatro seleções, não teve grandes dificuldades. Com duas vitórias (4×0 e 2×0) e um empate por 2×2, conseguiu garantir a primeira colocação e avançou.
No grupo 2, a Inglaterra não confirmou seu favoritismo e viu a Espanha se classificar. Os ingleses estrearam bem com uma vitória por 2×0 sobre o Chile, mas perderam os dois jogos seguintes enquanto os europeus venceram as três partidas que disputaram.
Pelo grupos 3, a Itália também decepcionou. A Azurra perdeu a primeira partida contra a Suécia por 3×2. Na rodada seguinte, os paraguaios empataram com os suecos, de modo que a Itália já não tinha mais chances no torneio.
Pelo último grupo, o Uruguai atropelou a Bolívia. Aplicou um incontestável e impiedoso 8×0, confirmando o favoritismo.
Fase final
O Brasil chegou como franco favorito ao título e ainda contava com o apoio da torcida. Tinha tudo para a Copa ter um final feliz, mas apesar do começo arrasador, infelizmente não foi bem assim que as coisas terminaram.
Na primeira rodada, o Brasil enfrentou a Suécia e mostrou todo o seu poder. Ademir marcou quatro vezes, Chico fez dois e Maneca fez um; Andersson descontou para os suecos e o placar fechou em 7×1. Pelo outro jogo do quadrangular, Espanha e Uruguai empataram em 2×2, o que foi bom, pois o Brasil se isolou na liderança.
Na segunda rodada, outra goleada: 6×1 sobre a Espanha. Ademir e Chico marcaram duas vezes cada e Zizinho e Jair fizeram os outros dois da nossa seleção. Silvestre anotou o gol de honra dos espanhóis. Precisando vencer para não deixar o Brasil se distanciar ainda mais, o Uruguai fez o dever de casa e bateu a Suécia por 3×2. Naquela época, a vitória valia somente dois pontos, então a tabela após a segunda rodada estava assim:
Pontos | Gols marcados | Gols sofridos | Saldo | |
Brasil | 4 | 13 | 2 | 11 |
Uruguai | 3 | 5 | 4 | 1 |
Espanha | 1 | 3 | 8 | -5 |
Suécia | 0 | 3 | 10 | -7 |
Na última rodada, Brasil e Uruguai, as melhores seleções do quadrangular, se enfrentariam e decidiriam o campeão. A vitória do Brasil era certa. Os jornais da época afirmavam que o Brasil venceria o Uruguai e que seríamos os campeões do mundo.
Como Espanha e Suécia não tinham mais chances de título e era pouco provável que a Espanha superasse o Uruguai, o confronto entre as duas seleções europeias ganhou ar de disputa de terceiro lugar.

No duelo decisivo, o Brasil saiu para o jogo na intenção de golear seu último adversário. Entretanto, diferente do que tinha acontecido até então, a defesa uruguaia conseguiu frear as investidas da Seleção Canarinho para abrir o placar. Nos primeiros 45 minutos de jogo, nada de bola na rede.
Apesar da aula defensiva que o Uruguai dava na partida, conseguimos converter aos 2′ da segunda etapa com Friaça, que na época era jogador do São Paulo. Mas o Brasil tinha um problema: a qualidade defensiva não era a mesma do ataque. Assim, o Uruguai conseguiu explorar espaços principalmente pelo seu lado direito para levar perigo ao gol brasileiro. Até que, aos 21 do segundo tempo, vimos a Celeste empatar o jogo com Juan Schiaffino.
O jogo seguiu e o Brasil continuava com as mesmas fragilidades defensiva. Atordoado pela forte e bem postada marcação uruguaia, o ataque brasileiro não conseguia concluir as jogadas para nos colocar à frente do placar de novo. E, como diz o ditado popular, quem não faz, leva.
Faltando 11 minutos para o fim, em uma jogada rápida pelo lado esquerdo da nossa defesa, Ghiggia entrou na área e chutou cruzado no canto de Barbosa. A bola passou entre a trave e o goleiro brasileiro para morrer no fundo das redes.

O Uruguai tinha acabado de virar o jogo e o Maracanã se calou completamente. Em entrevista ao SporTV, Ghiggia descreveu o momento:
Era um silêncio que não se ouvia nada. Um silêncio enorme que parece que não havia ninguém. Depois que terminou a partida, estávamos contentes, nos abraçamos e, se olhávamos para a arquibancada, víamos as pessoas chorando.
Alcides Ghiggia
Barbosa, acusado de ter falhado no segundo gol do Uruguai, acabou se tornando o maior culpado por aquela derrota e sofreu a vida toda por isso. Barbosa relatou algumas situações em que era cobrado pelo resultado inesperado naquela final de Copa do Mundo e costumava dizer que “No Brasil, a pena máxima (de prisão) é de 30 anos, mas pago há 40 por um crime que não cometi”.
E foi assim a história da maior derrota do futebol brasileiro em uma Copa do Mundo.
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